• A raça e etinia, exercem alguma influência na sobrevida de mulheres com câncer de mama?

    18 de janeiro, 2015

    ht_breast_cancer_detection_kb_131001_4x3t_384-2Após receber um diagnóstico de câncer de mama, mesmo em um estágio inicial, algumas mulheres têm melhores resultados do que outras. A raça e a etnia exercem alguma influência neste ponto? Um novo estudo examinou as taxas de diagnóstico de câncer de mama e de sobrevida entre mulheres de diferentes raças e etnias.

    Importância Existe a expectativa de que mulheres com câncer de mama em estágio inicial tenham ótimas taxas de sobrevida. É importante identificar fatores que predigam o diagnóstico de câncer de mama em estágio inicial.

    Objetivo Determinar a proporção de cânceres de mama identificados em um estágio inicial (estágio I) em diferentes grupos raciais/étnicos e se diferenças relacionadas à etnia podem ser melhor explicadas mediante detecção precoce ou mediante diferenças biológicas intrínsecas da agressividade tumoral.

    Desenho, contexto e participantes Estudo observacional de mulheres diagnosticadas com câncer de  mama invasivo de 2004 a 2011 identificadas nos bancos de dados de 18 registros do programa Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER) (N = 452.215). Para cada um dos 8 grupos raciais/étnicos, foi estimada a agressividade biológica (cânceres triplo negativos, metástases em linfonodos e metástases distantes) de tumores de tamanho pequeno (2,0 cm ou menos). A razão de probabilidades (odds ratio, OR) de diagnóstico no estágio I em comparação com um estágio posterior e a razão de risco (RR) de morte devido a câncer em estágio I por grupo racial/étnico foram determinadas. A data final de acompanhamento foi 31 de dezembro de 2011.

    Principais resultados e medidas O estágio do câncer de mama na época do diagnóstico e a sobrevida específica ao câncer de mama de sete anos ajustada de acordo com a idade no diagnóstico, renda e situação do receptor de estrógeno.

    Resultados Das 373.563 mulheres com câncer de mama invasivo, 268.675 (71,9%) eram brancas não hispânicas; 34.928 (9,4%) eram brancas hispânicas; 38.751 (10,4%) eram negras; 25.211 (6,7%) eram asiáticas e 5.998 (1,6%) pertenciam a outras etnias. O tempo médio de acompanhamento foi de 40,6 meses (mediana: 38 meses). Em comparação com mulheres brancas não hispânicas diagnosticadas com câncer de mama de estágio I (50,8%), as mulheres japonesas (56,1%) tinham maior probabilidade de serem diagnosticadas (OR: 1,23 [IC de 95%: 1,15-1,31], P < 0,001) e as mulheres negras (37,0%) tinham menor probabilidade de serem diagnosticadas (OR: 0,65 [IC de 95%: 0,64-0,67], P < 0,001). O risco atuarial de morte por câncer de mama em estágio I em sete anos foi mais elevado entre as mulheres negras (6,2%) do que entre as mulheres brancas não hispânicas (3,0%) (RR: 1,57 [IC de 95%: 1,40-1,75]; P < 0,001) e menor entre mulheres do sul da Ásia (1,7%) (RR: 0,48 [IC de 95%: 0,20-1,15]; P = 0,10). Mulheres negras tinham maior probabilidade de morrer de cânceres de mama com tumores de tamanho pequeno (9,0%) do que mulheres brancas não hispânicas (4,6%) (RR: 1,96 [IC de 95%: 1,82-2,12]; P < 0,001); a diferença permaneceu após ajuste em termos de renda e situação do receptor de estrógeno (RR: 1,56 [IC de 95%: 1,45-1,69]; P < 0,001).

    Conclusões e relevância Entre mulheres norte-americanas diagnosticadas com câncer de mama invasivo, a probabilidade de diagnóstico em um estágio inicial e de sobrevida após o diagnóstico no estágio I variou de acordo com a raça e a etnia. A diferença poderia ser em grande parte estatisticamente explicada em termos de diferenças biológicas intrínsecas, tais como metástases nos linfonodos, metástases distantes e comportamento triplamente negativo dos tumores.

     

    Fonte:

    Javaid Iqbal, MD; Ophira Ginsburg, MD, FRCPC; Paula A. Rochon, MD, MPH, FRCPC; Ping Sun, PhD; Steven A. Narod, MD, FRCPC

    JAMA. 2015;313(2):165-173. doi:10.1001/jama.2014.17322

     

     

    Lizanka Marinheiro

    Endocrinologista

    Doutora em Ciências – Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente – Fernandes Figueira

    FIOCRUZ