• Carnaval, saúde, e violência.

    15 de fevereiro, 2018

    Quarta-feira de cinzas.

     

     Carnaval, Instragran  e milhares de fotos.  Penso no que escrever para retomar as postagens do site, enquanto raios e trovões lavam a cidade que não resiste mais a tanta violência, e vejo uma foto em preto e branco amarelada de Dom Helder Câmara, que começa dizendo:

    “O carnaval ainda é uma das poucas alegrias quer restam a minha gente querida”, e menciona o  carnaval como a “alegria popular“, e ainda diz: 

    Peca-se muito no Carnaval, mas não sei, se diante de Deus, pesa mais os excessos cometidos aqui e ali por foliões ou o farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o Carnaval”.

     

    Hoje a Igreja Católica lança a Campanha de Fraternidade, com o tema central – A VIOLÊNCIA. Vimos aqui no Rio de Janeiro, um festival de violência que tirou muito o brilho do carnaval de rua; um carnaval criativo, que traz a alegria aos menos afortunados e/ou que não podem viajar, ou ir ao Sambódromo, ou aos que simplesmente gostam de blocos, aliás, como eu.  Ao mesmo tempo vimos duas escolas de samba se sagrarem campeãs com enredos de protesto  contra a corrupção, a violência e a miséria: uns poucos com muito, e muitos, com muito pouco!  É claro, que a sujeira deixada nas ruas, assim, como a violência é resultado da falta de limites, da busca por uma falsa alegria, de educação de um povo, de saúde e de segurança.

     

    Mas, é mais fácil criticar o cheiro de xixi e os excessos do carnaval, que se pensar em medidas de reformas mais profundas além  do voto,claro, um forte instrumento de poder e transformação política. Mas, que outros tipos de mecanismos temos e talvez nem fazemos uso para melhorar a saúde,  a educação e a termos menos violência no dia a dia?

    Que tipo de educação se dá em casa aos jovens, crianças? O que fazemos em prol de uma melhor convivência em família? Que exemplo e atitudes verdadeiramente sustentáveis, além de falar em “produtos orgânicos”,  e sem glúten, temos por exemplo,  em  reciclar o lixo, gastar menos água, reaproveitar verduras e cascas de hortaliças, jogar fora menos comida? Como tratamos nossos filhos, pais. avós, e idosos? Com que respeito de fato os integramos e incluimos nas conversas e à mesa, na sociedade, no dia a dia?

     

    Isto também é saúdeExistem outros tipos de violência como a manipulação, a rejeição, a exclusão e o abandono! 

     

    É verdade: se faz xixi, se suja as ruas, se cometem excessos, e o trânsito fica caótico no carnaval, que não acaba na quarta-feira de cinzas.

     Isto é péssimo e fruto de um governo desgovernado. Mas, atitudes individuais também são necessárias para se ter saúde, e se contribuir para educação e segurança de um povo.

     

    Lizanka Marinheiro -Endocrinologista, Phd

    Instituto Fernandes Figueira -FIOCRUZ