• DIETA DUKAN: PRÓS E CONTRAS

    19 de julho, 2013

    DIETA DUKAN: PRÓS E CONTRAS

    A Dieta Dukan é uma derivação da dieta das proteínas e leva esse nome por ter sido elaborada

    pelo francês Pierre Dukan. Separada em quatro fases (ataque, cruzeiro, consolidação e

    estabilização), a dieta promete a eliminação e manutenção do peso perdido, com a vantagem de

    permitir comer à vontade, na hora que quiser. Mas será que é realmente assim que funciona?

     

    Fase de ataque: tem duração de dois a sete dias e representa a fase mais radical da dieta, em

    que o foco é o consumo apenas de proteínas. São permitidos os seguintes alimentos: carnes

    magras, fígado, rins, peixes, aves, peito de peru, frango, frutos do mar, iogurte, queijos ou leite

    desnatado e ovos. Além disso, a dieta prevê o consumo de três colheres de aveia por

    dia.Prós:leva ao emagrecimento rápido, dando mais motivação. Contras:Sem a glicose

    proveniente dos carboidratos, o sistema nervoso pode ficar comprometido e podem surgir

    sintomas com letargia, fadiga e irritabilidade. Com a falta de carboidratos, o corpo tende a

    converter gordura em energia acarretando na liberação de corpos cetônicos que em altos níveis

    podem ser prejudiciais às células e causar desconfortos como mau hálito. O corpo também passa

    a queimar massa muscular, deixando mais fraco e dificultando a realização de atividades diárias

    ou exercícios físicos. Outro ponto negativo é que a ingestão insuficiente de fibras pode resultar

    em gases, desconforto gastrointestinal e dificuldade de evacuação.

     

    Fase de cruzeiro: legumes e verduras são gradualmente adicionados, possibilitando alternar os

    dias de consumo de proteínas como o consumo de proteína junto aos vegetais permitidos. Essa

    fase deve ser mantida até se atingir o peso desejado. Os legumes permitidos são: pepino,

    berinjela, tomate, rabanete, palmito, acelga, aipo, cogumelos, escarola, espinafre, repolho, alho-

    poró, abobrinha e vegetais folhosos. Prós: caracterizada pela redução de medidas, já que

    apresenta consumo elevado de proteínas e baixo consumo de carboidrato, presentes apenas nos

    vegetais. Contras: o consumo dos vegetais aumenta nessa fase, mas o valor nutricional da dieta

    continua sendo muito pobre. Ainda que esses legumes e vegetais contenham carboidratos e

    fibras em sua composição, as quantidades não são suficientes, causando os mesmos problemas

    da etapa anterior. Essa fase da dieta também não conta com a presença de frutas, que são ricas

    em vitaminas e sais minerais importantes para o bom funcionamento do nosso organismo.

     

    Fase de consolidação: período de alta vulnerabilidade e tem como objetivo inserir outros

    alimentos e evitar o reganho de peso. Sua duração é precisamente dez dias para cada quilo

    perdido. São reintroduzidos alimentos como frutas, pão integral, uma porção de queijo por dia e

    duas porções de alimentos ricos em amido por semana. Outra mudança é a refeição livre desde

    que não repita duas porções do mesmo alimento e são apenas duas refeições permitidas por

    semana. Ainda é necessário cumprir um dia por semana de proteína pura. Prós: ocorre a

    introdução de fontes de carboidratos mais substanciais, melhorando o funcionamento do

    intestino. Contras: A restrição das duas primeiras fases faz com que o metabolismo fique mais

    lento, devido à perda de massa magra, fator que pode dificultar o emagrecimento ou mesmo a

    manutenção do peso. Isso porque em um emagrecimento saudável há queima de gordura e

    preservação dos músculos. Essa massa muscular demanda mais energia do organismo, fazendo

    o metabolismo acelerar e queimar a gordura em excesso. Com o acréscimo de carboidratos e da

    refeição livre, a tendência natural do organismo é estocar energia e manter o metabolismo mais

    lento, resultando em maiores estoques de gordura e menor concentração de massa muscular.

     

    Fase de estabilização definitiva: deve durar para a vida toda, como forma de manter o peso

    conquistado. Ela é baseada em três regras básicas: a fase de ataque deve ser repetida uma vez

    por semana, a pratica de atividade física deve ser mantida e o consumo de três colheres de aveia

    por dia deve continuar obrigatório. Prós: estimula prática constante de atividade física e o

    consumo de fibras. Contras: não há uma orientação correta a ser seguida no que diz respeito a

    uma alimentação equilibrada, não existe uma especificação de quantas refeições devem ser

    feitas, quais as quantidades de cada alimento, dentre outras recomendações básicas para uma

    alimentação saudável. Isso favorece o descontrole e o ganho de peso, que de alguma forma pode

    ser compensado com a perda de massa muscular resultante do dia exclusivo de proteína.

     

    A escassez de estudos científicos sobre o método de Dukan levou o grupo francês CCM

    Benchmark a realizar um extenso inquérito com o objetivo de analisar se as pessoas que

    seguiram esta dieta foram capazes de perder peso e mantê-lo ao longo dos anos. Cerca de 5 mil

    pessoas responderam ao inquérito e os resultados foram publicados na revista médica Obésité de

    junho. Além dos efeitos secundários perigosos e contraindicações, algum tempo depois todos os

    quilos são recuperados. O levantamento mostrou que após 1 ano 48% dos entrevistados

    recuperaram os quilos eliminados, 64% após 2 anos, 70% após 3 anos e 80% após 4 anos. A

    publicação dos números visava ampliar a consciência sobre os regimes restritivos e, de acordo

    com um dos profissionais envolvidos no estudo, os resultados denotam “eficácia a curto prazo”.

     

    Fonte: DUKAN, P. Eu não Consigo Emagrecer. Rio de Janeiro, 2013. 303 p.

    Danyelle de Almeida Ventura
    Nutricionista
    Mestre em Ciências da Saúde – IFF/FIOCRUZ E-mail: danyelleventura@gmail.com