METABOLISMO ÓSSEO: O PAPEL DO HORMÔNIO ENTÉRICO GLP-2 NA RESPOSTA DE MARCADORES ÓSSEOS A UMA REFEIÇÃO MISTA EM MULHERES NA PÓS-MENOPAUSA COM DIABETES MELLITUS TIPO 2

A Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença complexa associada a diversas complicações crônicas, incluindo a fragilidade óssea e um alto risco de fraturas por mecanismos ainda não totalmente compreendidos.

A influência do trato gastrointestinal e dos hormônios na remodelação óssea tem sido demonstrada em indivíduos saudáveis. O peptídeo semelhante ao glucagon 2 (GLP-2), um hormônio entérico secretado em resposta à ingestão de nutrientes, tem sido implicado como um mediador dos efeitos dos nutrientes na remodelação óssea.

Este estudo teve como objetivo analisar a dinâmica do marcador de reabsorção óssea telopeptídeo carboxiterminal de colágeno tipo I (CTX), a formação óssea do marcador osteocalcina e o GLP-2, em resposta a uma refeição mista em mulheres diabéticas na pós – menopausa.

Quarenta e três mulheres na pós-menopausa com osteopenia ou osteoporose (20 controles – grupo CO e 23 diabéticas – grupo T2D) foram submetidas a um teste de tolerância à refeição mista padrão, com determinação sérica da CTX, osteocalcina plasmática e concentrações séricas de GLP-2 no início e em 30, 60, 120 e 180 minutos após a refeição. As mulheres com diabetes mellitus tipo 2 apresentaram maior índice de massa corporal, bem como maior colo do fêmur e densidade mineral óssea de quadril. No início do estudo, o hormônio luteinizante, hormônio folículo-estimulante, osteocalcina e níveis CTX foram menores no grupo de diabéticas (T2D). Em resposta à refeição mista, os níveis de CTX e osteocalcina diminuíram e os níveis de GLP-2  aumentaram em ambos os grupos.

A supressão esperada de CTX em resposta à refeição mista foi menor no grupo de diabéticas. O estudo conclui que marcadores de remodelação óssea foram significativamente reduzidos em mulheres diabéticas no início do estudo. Confirmando o papel da ingestão de nutrientes como um fator de estimulação, o GLP-2 aumentou em resposta à refeição mista em ambos os grupos. É importante notar que a variação CTX em resposta à refeição mista foi reduzida em mulheres diabéticas, sugerindo resposta anormal de remodelação óssea à ingestão de nutrientes, em diabéticas.

Danyelle de Almeida Ventura
Nutricionista
Mestre em Ciências na área de concentração da saúde da criança e da mulher pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ)

Lizanka Marinheiro

Endocrinologista