• Óleo de Coco e de Cártamo X Colesterol e Emagrecimento

    14 de abril, 2012

    Muito se tem falado e consumido atualmente os óleos de coco e de cártamo. Somos perguntados diariamente por nossos pacientes com cardiopatias, hipertensos, aumento de colesterol e triglicerídeos, obesos, se podem usá-los com a finalidade de baixar suas taxas no sangue, e até mesmo suspender os medicamentos que fazem uso para tal, e ou com a finalidade de emagrecimento. Vamos falar um pouco desses dois óleos antes de responder a esta pergunta.

    Tanto um quanto o outro contêm ômega-9, que é o ácido graxo oleico – o mesmo encontrado no azeite de oliva e no abacate – e que possui propriedade de metabolização da gordura corporal e também do colesterol. Ou seja, eles realmente aceleram o metabolismo de gordura  e, consequentemente, ajudam na queima de gordura corporal. O fato de fazer efeito, principalmente na área da cintura, se deve também ao ômega-9, pois alguns estudos mostram que esse ácido graxo diminui a produção de cortisol, um dos hormônios responsáveis pela armazenamento de gordura nessa região.

    Óleo de Cártamo –

Rico em ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturados, o óleo de cártamo estimula a saciedade por aumentar a leptina, hormônio resistente em obesos. É rico em ômega-6, o ácido linoleico, que tem uma ação na proteção contra o câncer, formação de placas de colesterol nas artérias e diabetes tipo 2. Além disso, acredita-se que este ácido graxo esteja relacionado às alterações corporais promovendo redução de gordura e aumento de massa muscular, podendo estar ligado à redução do tecido adiposo e aumento da lipólise.

    No entanto, na nossa alimentação diária ingerimos diariamente grande quantidade de ômega -6, já que esta fonte alimentar está presente na carne vermelha, no óleo de soja, peixes e sementes oleaginosas. Além disso, para que o ômega-6 desempenhe bem sua função sobre  nosso organismo, precisa estar em equilíbrio com o ômega-3, caso contrário, pode favorecer a inflamação subclínica no organismo, podendo desencadear sérios prejuízos à saúde como resistência insulínica, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e, inclusive, a obesidade, pois todas são consideradas doenças inflamatórias (disfunção endotelial).Logo, é bom ficar claro que para esse óleo agir de maneira sinérgica, é preciso haver equilíbrio alimentar como um todo, incluindo o ômega 3.

    Óleo de Coco – Possui  ômega-9, e também o Triglicerídeo de Cadeia Média (TCM), que não é armazenado como forma de gordura por ser facilmente absorvido pelo intestino, fazendo com que o organismo utilize a gordura acumulada como fonte de energia. Alguns estudos mostram que o TCM ainda tem a capacidade de reduzir os níveis de LDL, balancear os níveis do HDL colesterol no sangue (o bom colesterol) por apresentar fácil metabolização e baixa capacidade de oxidação. 

É indicado para atletas, pessoas que queiram diminuir a quantidade de gordura corporal e tratar dislipidemias. Rico em vitamina E, mantém as características de óleo sem sofrer oxidação, se tornando um potente antioxidante para o organismo, exercendo fator protetor.
O óleo de coco contém também ácido láurico, ácido graxo de cadeia média que, no corpo humano, se transforma em monolaurina. Encontrado também no leite materno, tem a função de exercer forte ação antibacteriana, antiviral e antiprotozoária, combatendo vários micro-organismos maléficos ao ser humano, como Cândida albicans, Citomegalovirus, Clamídia, Estreptococos, Giárdia, Helicobacter pylori e alguns tipos de Herpes.
O ácido láurico também possui efeito termogênico, pois acelera o metabolismo, e aumenta a sensação de saciedade, contribuindo para o menor ganho de peso. Além disso, o coco contém ácido cáprico, que se transforma no organismo em monocaprina, um composto com propriedades antimicrobianas e antivirais.

    No entanto, todas estas propriedades terapêuticas destes óleos para serem efetivas, dependem de dosagens específicas e de um contexto pessoal e clínico de cada pessoa, além claro de uma alimentação equilibrada. Portanto, NÃO pode e NÃO deve ser substituída toda e qualquer medicação, principalmente aquelas para hipertensão, diabetes e redução de colesterol sem uma rigorosa consulta médica especializada, por óleo de cártamo ou de coco!

    Lizanka Marinheiro

    Chefe do Setor de Endocrinologia do Instituto Fernandes Figueira

    Prof.  Da Pós-Graduação em Medicina Clínica Aplicada à Saúde da Mulher

    FIOCRUZ