• OSTEOPOROSE CAUSA DOR?

    16 de julho, 2017

    Recebo diariamente pacientes com dor no meu serviço ou consultório com dor na coluna, nos ossos, nas “juntas”, dizendo que estão com osteoporose. Tento explicar que osteoporose não doi, a não ser em caso de fraturas, e principalmente de vérterbras. Vejamos uma pouco hoje, dessa doença incapacitante, global, de alta mortalidade e que pode piorar consideravelmente a qualidade de vida de quem a tem.

     

    A osteoporose é uma doença global e extremamente prevalente, que pode acometer homens e mulheres principalmente após os 50 anos de idade. Além das fraturas, que podem ser graves e incapacitantes, a osteoporose também aumenta a mortalidade.

     

    Trata-se de uma doença silenciosa e que raramente apresenta sintomas e a dor pode acontecer em consequência de uma fratura que, muitas vezes, ocorre espontaneamente, isto é, sem história de um trauma prévio. Essas fraturas podem ocorrer no fêmur, coluna vertebral e punho. Não raro as fraturas espontâneas podem ocorrer nas vértebras, levando a um achatamento das mesmas levando a um encurvamento da coluna e diminuição da altura do paciente.

     

    São fatores de risco para osteoporose o uso prolongado de corticoides, o tabagismo , o sedentarismo, fatores genéticos, alimentação pobre em cálcio, menopausa precoce, certas doenças como anorexia entre outros, mas a maior causa ainda é a baixa de estrogênio que vem com a menopausa.

     

    A prevenção começa na infância com uma boa alimentação e um bom aporte de cálcio, e isto aliado a prática regular de exercícios físicos, e uma dieta equilibrada, exposição ao sol pelo menos 3 vezes por semana por pelo menos 15 minutos, ajudam muito na prevenção.

     

    DIAGNÓSTICO

     

    O exame padrão ouro para o diagnóstico  da osteoporose é feito através do exame de Densitometria Óssea. Em geral a moiria dos médicos solicitam  a primeira densitometria óssea da mulher, a realização desse exame está indicada nos seguintes casos específicos segundo os “guide-lines”, entre outras: 

    -Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos e homens com idade igual ou superior a 70 anos, independentemente da presença de fatores de risco; 

    -Mulheres na pós-menopausa e homens com idade entre 50 e 69 anos com fatores de risco para fratura; 

     

    TRATAMENTO

     

    O objetivo do tratamento é de prevenir a perda óssea já existente  e a  redução do  risco de fraturas. O tratamento divide-se em farmacológico e não farmacológico.

    NÃO FARMACOLÓGICO

     

    1.Atividade física regular: a força que os músculos exercem sobre os ossos é capaz de preservar e até aumentar a densidade mineral óssea e também porque a atividade física regular pode ajudar a prevenir as quedas que ocorrem devido a alterações do equilíbrio e diminuição de força muscular e de resistência. 

     

    2.Prevenção de quedas: medidas para a prevenção de quedas devem ser adotadas, principalmente nos pacientes mais idosos. Essas medidas devem incluir:

    – Evitar deixar objetos no chão (fios, objetos, tapetes soltos); 

    – Evitar o uso de sapatos com solado liso ou soltos; não andar em locais escuros e com chão molhado;

    – Utilizar corrimão; 

    – Não guardar objetos em prateleiras altas;

    – Colocar banco de plástico dentro do boxe para,

    de preferência tomar banho sentado; 

    -Instalar piso antiderrapante na cozinha e no banheiro.

    – Colocar corrimão e barras de apoio próximos à cama, ao vaso sanitário e dentro do boxe do banheiro.

    – Quando acordar à noite, esperar antes de levantar para ir ao banheiro ou tomar água, principalmente se estiver usando remédio que provoque tontura.

    – Ir ao oftalmologista e otorrino par avaliar a capacidade auditiva e visual distúrbios visuais e auditivos

     

    3.Suspender tabagismo e evitar consumo excessivo de álcool

     

    4.Manter consumo de cálcio: recomenda-se uma ingestão equivalente a pelo menos 1200mg/d de cálcio que deveria, idealmente, ser adquirido através da dieta, mas é muito difícil no dia a dia isto ser mensurado pelos nossos pacientes, logo o cálcio deve ser suplementado. 

     

    1. Suplementação de vitamina D: a vitamina D influencia não só a absorção do cálcio e a saúde óssea como também o desempenho muscular, equilíbrio e risco de queda. Recomenda-se a ingestão diária de 800-1.000 UI de vitamina D para adultos com 50 anos ou mais. A nossa principal fonte de vitamina D acaba sendo através da exposição solar. Idealmente deve se expor ao sol por pelo menos 15 minutos com braços e pernas expostos, sem protetor solar, antes das 10 horas ou após as 16 horas, pelo menos 3 vezes por semana salvo se houver contra-indicação dermatológica.

     

    MEDIDAS FARMACOLÓGICAS

     

     Cálcio e vitamina D devem ter seu níveis mantidos para todos os pacientes. 

     

    O tratamento de escolha no tratamento da osteoporose é feito com os bisfosfonados, que são os mais conhecidosem termos de efetividade e segurança a longo prazo, sendo os principais o alendronato de sódio e o risedronato de sódio. Para aqueles pacientes intolerantes as medicações por via oral temos a opção do pamidronato, administrado por via venosa.

     

    Temos os moduladores seletivos do receptor estrogênico (Raloxifeno), PTH recombinante (teriparatida) ou anticorpos monoclonais (Denosumab) são usados menos frequentemente, normalmente quando o paciente não tolera, tem contraindicação ou não responde ao tratamento com bisfosfonados ou em alguns casos de osteoporose grave. A terapia de reposição hormonal (TRH) nas pacientes pós-menopáusicas não está indicada apenas para o tratamento da osteoporose mas, naquelas pacientes que tem indicação de TRH (por sintomas vasomotores – fogachos – por exemplo) o risco de fraturas reduz.

     

    Por fim a osteoporose é uma doença global e extremamente prevalente, que pode acometer homens e mulheres principalmente após os 50 anos de idade. Além das fraturas, que podem ser  graves, a osteoporose também aumenta a mortalidade.

    Faça sua consulta regular anual e seu médico lhe encaminhará a um endocrinologista para tratar caso você tenha osteoporose.

     

    Lizanka Marinheiro, Md, PhD

    Endocrinologista -FIOCRUZ