• Rémedios de ponta para o tratamento de Diabetes tipo II: novas dúvidas!

    5 de setembro, 2013

    New England Journal of Medicine publica esta semana artigo que questiona a eficácia da saxagliptina e alogliptina, hipoglicemiantes, inibidores da dipeptidil peptidase 4 (DPP-4), com relação à segurança e eficácia cardiovascular e os desfechos.

    A maioria dos pacientes diabéticos morre de doenças cardiovasculares e o diabetes tipo 2 duplica o risco de complicações cardiovasculares em pacientes com ou sem doença cardiovascular estabelecida. Embora o controle glicêmico venha reduzir as complicações diabéticas microvasculares, permanece a dúvida sobre qual esquema terapêutico utilizar para reduzir o risco cardiovascular nesses pacientes.Esta semana foram publicados  pelo The New England Journal of Medicine, dois ensaios clínicos usando inibidores da dipeptidil peptidadse 4 (DPP-4).
    No estudo The Saxagliptin Assessment of Vascular Outcomes Recorded in Patients with Diabetes Mellitus (SAVOR)–Thrombolysis in Myocardial Infarction (TIMI) 53, conhecido comoSAVOR-TIMI 53, foram estudados aleatoriamente 16.492 pacientes com diabetes tipo 2 que tinham um histórico de ou estavam em risco para eventos cardiovasculares. Eles receberam saxagliptina ou placebo e foram acompanhados por um período médio de dois anos. O desfecho primário foi um composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral isquêmico.Um evento do desfecho primário ocorreu em 613 pacientes do grupo de saxagliptina e em 609 no grupo de placebo. Mais pacientes no grupo saxagliptina do que no grupo placebo foram hospitalizados por insuficiência cardíaca. Taxas de pancreatite aguda e crônica foram semelhantes nos dois grupos.

    Este estudo concluiu que,  a inibição da DPP-4 com a saxagliptina não aumentou nem diminuiu a taxa de eventos isquêmicos, embora a taxa de hospitalização por insuficiência cardíaca tenha aumentado. Apesar de a saxagliptina melhorar o controle glicêmico,  são necessárias outras abordagens  para reduzir o risco cardiovascular em pacientes diabéticos.

    O segundo ensaio clínico publicado pelo NEJM, com o nome de Examination of Cardiovascular Outcomes with Alogliptin versus Standard of Care (EXAMINE), foi realizado para verificar se o uso de alogliptina não era inferior ao uso do placebo em relação aos principais eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2 que possuem alto risco cardiovascular, ou seja, aqueles que  já tinham sofrido alguma síndrome coronariana aguda que  tenha exigido hospitalização (infarto do miocárdio ou angina instável) recentemente. Foi observado que nestes pacientes, o tratamento com alogliptina resultou em taxas de morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular não fatal semelhantes a aquelas encontradas com o uso do placebo.

    Pelos resultados destes dois importantes estudos, vemos que apesar de drogas de última geração, e bastante usadas por nós endocrinologistas hoje para o controle do diabetes tipo II, outras drogas mais baratas, um programa de exercícios físicos e dieta, ainda são muito importantes para o controle, tratamento e até prevenção do diabetes tipo II.

    Fonte: The New England Journal of Medicine, de 2 de setembro de 2013

    Lizanka Marinheiro

    Endocrinologista

    Chefe do setor de Endocrinologia

    Instituto Nacional de Saúde da Criança, Mulher e Adolescente Fernandes Figueira

    FIOCRUZ