• Remédios para emagrecer: funcionam?

    23 de janeiro, 2013

    A obesidade é o maior problema de saúde pública do mundo e os americanos estão entre os mais obesos povos. Essa tendência e realidade também já chegou nos países emergentes a

    exemplo do Brasil, cujos percentuais tem crescido assustadoramente.

    Muitas pessoas embora percam peso inicialmente em vários programas de emagrecimento, voltam a recuperar o peso após o término da dieta.

    Daí a importância de tanto se falar do tema em diversas mídias e publicações científicas na atualidade.

    Uma abordagem multidisciplinar se faz necessário trazendo informações claras e precisas sobre o mesmo, para que você saiba o que é importante  e efetivo, antes de iniciar um dieta.

    Mais ou tão importante quanto emagrecer, é MANTER o peso perdido, e saber que seu peso pode ser controlado e mantido, sem aquele indesejado e prejudicial “efeito sanfona”.

    Falaremos  de forma sucinta, como começar um programa de emagrecimento, incluindo desde mudanças de comportamento, tipos de dieta e fármacos  disponíveis e sua efetividade, além da

    cirurgia  bariátrica.

    Mais de dois terços dos adultos americanos, estão ou tentando perder ou manter peso. No entanto, apenas 20% estão concomitantemente fazendo uma dieta de restrição calórica e aliados a

    esta, um programa de atividade física de pelo menos 150 minutos por semana, o que é considerado o mínimo efetivo para o emagrecimento!

    Além do mais, menos da metade dos obesos americanos dizem estar sendo orientados por profissionais de saúde especializados, o que torna o papel dos clínicos gerais e médicos de família

    fundamental como agentes disseminadores, multiplicadores e cuidadores deste problema, no sentido de implementarem boas estratégias para um emagrecimento sustentável.

    Sabe-se que a obesidade está associada ao aumento da mortalidade e ao risco aumentado de várias doenças tais como diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemia ( aumento do colesterol), infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, apneia do sono, além de vários tipos de câncer entre outras doenças. Emagrecer entre 5 a 7 % do peso, é uma perda realista para a maior parte dos pacientes e estabelecer de forma clara  e objetiva essa metas, é importante para evitar frustrações futuras e abandono do tratamento.

    Uma redução de 5% já reduz os riscos de doenças cardiovasculares tais como dislipidemias, hipertensão e diabetes, enquanto que uma perda de 7% reduz o risco de  se evoluir de uma intolerância a glicose para diabetes.

    Muitas vezes, perder 5% do peso inicial pode não ser o peso dos seus sonhos, mas representa uma grande conquista para sua saúde.

    Então, do que se precisa para emagrecer?

    Como tudo na vida, vontade e disciplina. Isso aliado a uma dieta de restrição calórica, com uma mudança de estilo de vida ( que nem sempre é fácil, pois envolve mudanças de hábitos), somados a um programa de exercícios físicos regulares, são um excelente começo.

    No entanto, muitas das vezes, pode-se e deve lançar mão  juntamente com estas estratégias fundamentais e imprescindíveis para a perda de peso, de fármacos e até mesmo da cirurgia bariátrica, no entanto sabendo-se que apenas remédios não  resolve.

     

    DIETA E ESTILO DE VIDA

    • Todos os pacientes que tem sobrepeso,- IMC> 27kg/m2 ou são obesos, IMC > 30 g/m2, devem ser aconselhados a fazer dieta emagrecer, mudar seu estilo de vida tendo o emagrecimento como objetivo.
    • Existem hoje um grande número de dietas na ciência da nutrologia, desde as clássicas dietas balanceadas, passando pelas dietas com baixo teor de carboidratos, pobre em glúten e lactose, que serão comentadas individualmente por nossos consultores nutricionistas em  artigos futuros.
    • Hoje em dia, as dietas de baixo índice glicêmico e de gorduras são as que se mostram ser mais efetivas, quando bem prescritas, explicadas e acompanhadas por profissionais competentes, seguidas de intervalos com dietas balanceadas.
    • Um programa de exercícios físicos regular semanal, seja em que modalidade esportiva for, adequado para idade e para cada pessoa, mostra-se efetivo para todos os casos.
    • Nossos consultores em atividades físicas escreverão sobre o tema de forma especializada.
    • É mais que fundamental e necessário que todo programa de emagrecimento  seja feito CONCOMETANTEMENTE com um programa de restrição alimentar e de exercícios físicos REGULARES E A LONGO PRAZO, E QUE SEJA SEGUIDO POR TODA A VIDA APÓS SE CONSEGUIR O PESO DESEJADO.
    • Não podemos esquecer a imprescindível abordagem psicológica de todo paciente obeso, pois atrás de cada pessoa com aumento de peso, além da causa genética, familiar, cultural, entre outras, sem dúvida  podem existir comportamentos compulsivos, quadros de ansiedade e depressão, que,  se não examinados, diagnosticados e abordados conjuntamente por profissionais experts e competentes, não se chegará a um êxito no tratamento.
    • Terapias que vão de psicoterapia, terapia comportamental e psicanálise das mais diversas linhas, se fazem mister, para que o próprio paciente entenda também o motivo que o levou ou está levando a engordar, e motivá-lo a querer e acreditar que poderá emagrecer.

    FARMACOTERAPIA  e  OUTROS MÉTODOS

    • A princípio, o uso de medicamentos para emagrecer somente é indicado para aqueles pacientes que não conseguiram emagrecer apenas com dieta e exercício somente.

    FARMACOTERAPIA

    Falaremos apenas de algumas drogas mais usadas na atualidade e  algumas novas promessas.

    A Sibutramina e o Orlistate, já são drogas bastante conhecidas e aprovadas mundialmente para o tratamento da obesidade, embora aquela tenha sido retirada do mercado europeu, devido aos efeitos colaterais no sistema cardiovascular.

    No Brasil ambos são permitidos pela ANVISA  e prescritos de forma controlada e dispensados apenas com termo de consentimento (Sibutramina), para que seus usuários saibam dos riscos inerentes a qualquer medicamento.

    Recentemente, nos Estados Unidos e ainda não disponível no mercado brasileiro, aprovou-se a Locarserina, a Zonisamida e o Topiramato em associação com a Fentermina. Já existe e é prescrito em nosso meio o Topiramato isoladamente para este fim.

    Outras associações usadas estão sendo a da Naltrexona com a Bupropiona, sendo este último um antidepressivo muito usado para os fumantes que desejam parar de fumar.

     Zonisamida —

    ZONIZAMIDA é um derivado sulfonamide da classe dos anticonvulsivantes, cujo mecanismo de ação parece ser bloquear os canais de alta voltagem de sódio e de cálcio tipo T.

    A dose recomendada inicial é de 100 a 200 mg por dia divididas em 2 doses, necessitando de ajustes quando  a droga é retirada ou adicionada.

    Os efeitos colaterais mais frequentes são sonolência, ataxia, anorexia, nervosismo , fadiga e tontura. Estes efeitos são transitórios e diminuem com o tempo de uso após a quarta e oitava

    semana. São descritos também nefrolitíase, depressão e relatos de psicose, além de déficit cognitivo, que são dose relacionados e persistem depois de um ano de tratamento após iniciado.

     

     Lorcaserina  é um agonista seletivo da do receptor de serotonina 2 que se mostrou efetivo na perda de peso em  homens e mulheres pela  redução do apetite.

    Em um estudo placebo controlado com 604 pacientes com diabetes mellitus tipo 2, houve redução do peso e das taxas de HgA1C (hemoglobina glicosilada).

    Em 2012, o, US Food and Drug Administration americano (FDA) aprovou a Locarserina como mais uma droga promissora para perda de peso, uma promessa  juntamente com dieta e

    exercícios para pacientes diabéticos, obesos e com apneia do sono .

     

    Combinação de Topiramato e Fentermina-

    Em 2012 o FDA aprovou uma apresentação em uma  cápsula de liberação prolongada de  topiramato com fentermina, para pacientes com  tais como diabetes, hipertensão e/ou dislipidemia, e com um índice de massa ≥30 kg/m2 ou com  um IMC ≥27 kg/m2.

    A droga é vendida e dispensada sob controle e sendo necessário fornecer aos usuários para ler e assinar, termo de consentimento informado.

    Cumpre-se dizer que como toda e qualquer droga para qualquer patologia, estas medicações são novas, necessitam de maiores estudos prospectivos controlados, e tem seus efeitos colaterais como quaisquer outras drogas, porém, são mais uma promessa no tratamento e controle da obesidade, doença de alta morbidade e mortalidade, que vitima milhares de pessoas no mundo, e merece ser tratada com cuidado, seriedade e respeito, por todos os profissionais de saúde de forma conjunta e multidisciplinar.

    Cirurgia bariátrica

    • Apesar de muito procurada hoje em dia,  muitas vezes desnecessariamente é indicada para pacientes com IMC ≥40 kg/m2, que, não responderam à dieta e exercícios físicos com ou sem medicação, ou para pacientes com IMC >35 kg/m2   e doenças associadas, tais como hipertensão, obesidade, intolerância a glicose e /ou diabetes, artrite severa  e apneia do sono.

    Os pacientes potencialmente elegíveis são:

    • Os bem informados e motivados
    • Que tem IMC ≥40 kg/m2
    • Os que não tem risco potencial para o tipo de cirurgia em questão
    • Aqueles que falharam aos métodos tradicionais  de perda de peso, como exercícios físicos e dieta

    Em um estudo de meta-análise, a maioria dos pacientes melhorou ou teve uma diminuição da quantidade de medicamentos usados para os casos de diabetes, hipertensão, dislipidemia e apneia do sono ,e os que colocaram balão intra-gástrico tiveram um resultado final também melhor.

     

    LIPOSUCÇÃO

    A remoção de gordura subcutânea , embora diminua consideravelmente a massa gorda e o peso, não parece melhorar a resistência insulínica assim como os fatores de risco para doença coronariana.

    Embora a concentração plasmática de leptina e a circunferência da cintura caiam consideravelmente, não há uma melhora da resistência insulínica no músculo, fígado e tecido adiposo.

    A lipossucção não altera as concentrações plasmáticas de PCR (proteína C reativa), interleucina 6, fator tumoral de necrose alfa, nem de adiponectina, não melhorando os fatores de risco para doença coronariana.

     

    Terapias complementares

    Um número de terapias complementares a exemplo da efedrina e outros suplementos são usados para o tratamento da obesidade, a exemplo da acupuntura, mas faltam melhores e maiores estudos controlados  para  que sua eficácia seja avaliada com maior rigor.

    Por fim,  cabe-nos dizer que: a farmacoterapia não cura a obesidade. Os indivíduos obesos que fazem uso de medicamentos para emagrecer, devem ser alertados que quando o máximo efeito da droga é alcançado, há uma parada da perda de peso, e quando a droga é descontinuada, geralmente o peso volta a  subir!

    O tratamento da obesidade, requer, muito mais que drogas. Uma abordagem multidisciplinar envolvendo dieta, exercícios e terapia psicológica  são  mais que necessários para se ter um sucesso terapêutico mais efetivo.

     

    Referências:

    1-Absence of an effect of liposuction on insulin action and risk factors for coronary heart disease.

    Klein S, Fontana L, Young VL, Coggan AR, Kilo C, Patterson BW, Mohammed BS

    N Engl J Med. 2004;350(25):2549.

    2-Prevalence and trends in obesity among US adults, 1999-2008.

    Flegal KM, Carroll MD, Ogden CL, Curtin LR

    JAMA. 2010;303(3):235.

    3-Are health care professionals advising obese patients to lose weight?

    Galuska DA, Will JC, Serdula MK, Ford ES

    JAMA. 1999;282(16):1576.

    4-Lorcaserin (APD356), a selective 5-HT(2C) agonist, reduces body weight in obese men and women.

    Smith SR, Prosser WA, Donahue DJ, Morgan ME, Anderson CM, Shanahan WR, APD356-004 Study Group

    Obesity (Silver Spring). 2009;17(3):494.

    5-A one-year randomized trial of lorcaserin for weight loss in obese and overweight adults: the BLOSSOM trial.

    Fidler MC, Sanchez M, Raether B, Weissman NJ, Smith SR, Shanahan WR, Anderson CM, BLOSSOM Clinical Trial Group

    J Clin Endocrinol Metab. 2011 Oct;96(10):3067-77. Epub 2011 Jul 27.

    6-http://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2012/022580s000lbl.pdf (Accessed on July 18, 2012). 

    7-Controlled-release phentermine/topiramate in severely obese adults: a randomized controlled trial (EQUIP).

    Allison DB, Gadde KM, Garvey WT, Peterson CA, Schwiers ML, Najarian T, Tam PY, Troupin B, Day WW

    Obesity (Silver Spring). 2012 Feb;20(2):330-42. Epub 2011 Nov 03.

    8-Acupuncture for the treatment of obesity: a review of the evidence.

    Lacey JM, Tershakovec AM, Foster GD

    Int J Obes Relat Metab Disord. 2003;27(4):419.

    9-Effects of electroacupuncture in reducing weight and waist circumference in obese women: a randomized crossover trial.

    Hsu CH, Hwang KC, Chao CL, Lin JG, Kao ST, Chou P

    Int J Obes (Lond). 2005;29(11):1379.

    10-Randomized placebo-controlled clinical trial of lorcaserin for weight loss in type 2 diabetes mellitus: the BLOOM-DM study.

    O’Neil PM, Smith SR, Weissman NJ, Fidler MC, Sanchez M, Zhang J, Raether B, Anderson CM, Shanahan WR

    Obesity (Silver Spring). 2012;20(7):1426.

    11-Zonisamide for Weight Reduction in Obese Adults: A 1-Year Randomized Controlled Trial.

    Gadde KM, Kopping MF, Wagner HR, Yonish GM, Allison DB, Bray GA

    Arch Intern Med. 2012 Oct.