• TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E DIETA

    1 de maio, 2012

    TDAH e dieta

    Tipo de artigo: META-ANÁLISE

    Artigo de Ryan Blanchard, for Excerpta Medica

    J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2012;51:86-97.e8.

    PMID 22176942

    Quem de vocês já não ouviu falar, ou mesmo não teve um filho ou amiguinho  de filho da escola com um diagnóstico de Transtorno do deficit de atenção/hiperatividade?

    Muitas vezes, este diagnóstico é dado equivocadamente, ou até  mesmo errado, fazendo com que o uso inadequado de medicamentos em crianças e adolecentes seja abusivo e desnecessário; outras vezes corretamente, o tratamento medicamentoso e psicoterápico se faz mister.

    Esta sÍndrome muito comum e muito estudada na atualidade pelo seu impacto nos problemas acadêmicos e emocionais que pode levar, também está associada ao tipo de dieta que as crianças consomem, que por sua vez, tem influência com a alimentação dos pais, e ao tipo de alimentação que é oferecida nas escolas. Outra vez, e mais uma vez,  estamos aqui falando importância de uma boa alimentação em casa e nas escolas com fator de prevenção e boa saúde. Na vida adulta, uma das coisas mais difíceis de alcançarmos como médicos, é que nossos pacientes tenham uma aderência aos  diversos tratamentos por nós propostos; sejam eles medicamentosos, e o que diz respeito a MUDANÇA DE HÁBITOS!  E isso, sem dúvida, começa na infância

    Escolhemos desta vez, comentar um estudo recentemente publicado, tipo META-ANÁLISE, um tipo de estudo que analisa várias outras publicações indexadas em periódicos de alto impacto, ou seja em revistas considerada de grande importância no meio acadêmico, que comenta o papel dos aditivos químicos na dieta e sua relação com o TDAH.

    Este estudo foi publicado em abril de 2012 no respeitado  Jornal da Academia Americana  de Psiquiatria da Criança e Adolescente (J Am Acad Child Adolesc Psychiatry ).

    Embora inconclusivo, notamos uma tendência à  relação entre o excesso de corantes nos alimentos e o mesmo.

     

    Os aditivos dos alimentos desempenham um papel significativo?

     

    Introdução

    O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome do desenvolvimento comum que aumenta o risco de vários problemas acadêmicos e emocionais. Embora sua causa seja provavelmente multifatorial, vários fatores de dieta têm sido suspeitos, incluindo hipersensibilidade a certos alimentos ou corantes alimentares sintéticos. Pela falta de consenso sobre os efeitos da dieta no TDAH, foi feita uma meta-análise quantitativa das medidas dos efeitos.

    Conduziu-se uma pesquisa de literatura  ao longo de fevereiro de 2011;

    10 estudos atingiram os critérios de inclusão para restrição de dieta e 24 para os efeitos dos corantes alimentares.

    As dietas de restrição reduziram significativamente os sintomas do TDAH (p = 0,014).

    Para os corantes alimentares, foram observados uma proporção significativa de efeitos nos relatos dos pais (p = 0,0007), mas o efeito diminuiu após o ajuste para possível tendenciosidade de publicação (p < 0,05).

    Os relatos dos professores/observadores não mostraram nenhum efeito significativo para os corantes alimentares, mas estudos de alta qualidade restritos a aditivos de cor mostraram um efeito significativo (p = 0,03).

                Os testes psicométricos de atenção mostraram um efeito significativo para os corantes alimentares (p = 0,007).

     

    EM SUMA, O ESTUDO CONCLUI QUE:

     

    “Aproximadamente 33% das crianças com TDAH podem responder a uma intervenção de dieta”. “Embora até 8% possam ter sintomas relacionados a corantes alimentares, a fonte da maior parte dessa resposta à dieta permanece pouco clara. Mais investigações devem ser feitas sobre o assunto para que conclusões mais sólidas sejam elucidadas entre dieta e TDAH.

     

    Nigg JT, Lewis K, Edinger T, et al. Meta-analysis of attention-deficit/hyperactivity disorder or attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms, restriction diet, and synthetic food color additives. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2012;51:86-97.e8.

    Lizanka Marinheiro

    Prof. Dra. Pós-Graduação Saúde da Mulher e da Criança 

    Instituto Fernandes Figueira -FIOCRUZ