• Treinamento de força e melhora do controle glicêmico em idosos com diabetes tipo II

    9 de agosto, 2012

    Treinamento de força e melhora do controle glicêmico em idosos com diabetes tipo II

                Embora a maioria das evidências aponte benefícios do exercício aeróbio para a população diabética, uma série de estudos demonstra benefícios do treinamento resistido para esta população. O artigo aqui discutido mostrou que o treinamento resistido de alta intensidade promoveu melhora no controle glicêmico de pacientes idosos diabéticos. A partir do resultado deste estudo é possível afirmar que tanto o exercício aeróbio como o resistido promove melhora na glicemia de indivíduos diabéticos, embora o mecanismo em que cada tipo de exercício exerce para tal efeito possa ser diferente. Portanto, a associação entre as duas estratégias de treinamento parece ser mais adequada para um melhor controle glicêmico.

    Cabe ressaltar que os benefícios do treinamento resistido podem ir além da melhora do controle glicêmico. Por exemplo, tratando-se de uma população idosa onde a incidência de osteoporose é alta, o treinamento resistido pode auxiliar no controle desta doença, evitando, desta forma, fraturas que poderiam limitar as atividades de vida diária destes indivíduos.

    Além disso, o exercício resistido pode ser mais atrativo para alguns indivíduos pela variedade de exercícios numa sessão e curto tempo de esforço, associado a uma recuperação, diferente do exercício aeróbio, onde uma mesma atividade é mantida sob um esforço constante, por um determinado período.

    Conforme citado no artigo, o exercício resistido pode gerar mudanças favoráveis na composição corporal, pressão arterial, redução da adiposidade central, além de outros benefícios que justificam a sua utilização como uma importante estratégia não-farmacológica no tratamento e controle da diabetes tipo 2.

     

    Objetivo: determinar a eficácia do treinamento resistido progressivo de alta intensidade no controle glicêmico de idosos com diabetes tipo 2.

    Design e método: estudo randomizado de 16 semanas com 62 idosos latinos (40 mulheres e 22 homens, 66 ± 8 anos) com diabetes tipo 2, divididos aleatoriamente em dois grupos:

    • Grupo treinamento resistido (GTR) – realizou treinamento resistido de alta intensidade 3x/semana, com 5 exercícios (supino, leg press, extensão de tronco, extensão e flexão de joelho). Os indivíduos realizaram 3 séries de 8 repetições durante as semanas 1 a 8, com intensidade equivalente a 60-80% 1RM (avaliada no início do estudo). Nas semanas de 10 a 14, a intensidade foi de 70-80% 1RM (avaliada no meio do estudo).
    • Grupo controle (GC) – sem exercício.

    Controle glicêmico, anormalidades metabólicas, composição corporal e estoques musculares de glicogênio foram analisados antes e após a intervenção em ambos os grupos.

    Resultados: No GTR houve redução nos níveis de hemoglobina glicada (de 8.7 ± 0,3 para 7,6 ± 0,2%), aumento nos estoques de glicogênio muscular (de 60,3 ± 3,9 para 79,1 ± 5,0 mmol glicose/kg/músculo) e redução na dosagem de medicação prescrita para controle do diabetes em 72% dos indivíduos exercitados. No GC, não houve mudança significativa na hemoglobina glicada, porém houve redução nos estoques de glicogênio muscular (de 61,4 ± 7,7 para 47,2 ± 6,7 mmol glicose/kg/músculo), além de 42% de aumento nas medicações diabéticas. O GTR, em comparação com o GC, aumentou a massa magra (+ 1,2 ± 0,2 vs. – 0,1 ± 0,1 kg), reduziu a pressão arterial sistólica (- 9,7 ± 1,6 vs. + 7,7 ± 1,9 mmHg) e reduziu a massa de gordura no tronco (- 0,7 ± 0,1 vs. + 0,8 ± 0,1 kg).

    Conclusão: O treinamento resistido de alta intensidade foi efetivo para controle de diabetes na população idosa de alto risco com controle glicêmico precário.

     

    Referência: CASTANEDA, C.; LAYNE, J. E.; MUNOZ-ORIANS, L.; GORDON, P. L.; WALSMITH, J.; FOLDVARI, M.; ROUBENOFF, R.; TUCKER, K. L.; NELSNON, M. E.. A randomized controlled trial of resistance exercise training to improve glycemic control in older adults with type 2 diabetes. Diabetes Care, v. 25, n.12, p. 2335-2341, 2002.

     

     

    Exercício físico é saúde!

     

    Wallace Machado

    Personal Trainer

     

    wallacemachado@ufrj.br