O diabetes tipo 2 é uma condição metabólica caracterizada pela resistência à insulina — quando o corpo não utiliza esse hormônio de forma eficiente — e pela redução progressiva da produção de insulina pelo pâncreas.
Com o tempo, isso leva ao aumento da glicose no sangue (hiperglicemia crônica), o que pode afetar órgãos como o coração, rins, olhos e nervos periféricos.
Controle do diabetes tipo 2: o primeiro passo essencial
O controle glicêmico é o principal objetivo do tratamento.
Ele consiste em manter os níveis de glicose próximos do normal por meio de um plano individualizado, que combina:
Alimentação equilibrada (com baixo índice glicêmico e rica em fibras, proteínas e gorduras boas);
Atividade física regular, que melhora a sensibilidade à insulina;
Sono adequado e redução do estresse, pois o cortisol elevado interfere diretamente na glicemia;
Uso de medicamentos ou insulina, quando necessário;
Acompanhamento médico e monitoramento contínuo.
Manter o controle não apenas previne complicações, mas também melhora o bem-estar, a energia e o equilíbrio hormonal, aspectos fundamentais na saúde da mulher.
Remissão do diabetes tipo 2: o que significa?
A remissão é um termo reconhecido por entidades internacionais, como a American Diabetes Association (ADA) e a Diabetes UK.
Ela é definida como a manutenção de níveis normais de glicose (HbA1c abaixo de 6,5%) por pelo menos 6 meses, sem o uso de medicamentos antidiabéticos. Ou seja, a pessoa continua tendo predisposição ao diabetes, mas o metabolismo se mantém equilibrado naturalmente.
Quando a remissão é possível?
A remissão é mais provável quando o diagnóstico é recente e o paciente adota mudanças significativas e sustentáveis no estilo de vida.
Alguns fatores que aumentam a chance de alcançar a remissão incluem:
Perda de peso significativa (geralmente ≥ 10% do peso corporal, com redução da gordura visceral);
Melhora na alimentação, com redução de ultraprocessados e açúcares simples;
Aumento da massa magra por meio de atividade física;
Sono e manejo emocional adequados, que ajudam na regulação da insulina.
Em alguns casos, a cirurgia bariátrica também pode induzir remissão, especialmente em pacientes com obesidade grave, mas o acompanhamento endocrinológico é indispensável para a manutenção dos resultados.
Controle e remissão: mais semelhanças do que diferenças
Embora o termo “remissão” soe mais otimista, controle e remissão têm o mesmo propósito: devolver à pessoa o poder de viver bem e com saúde.
Mesmo que a remissão não ocorra, manter um bom controle já é uma vitória clínica e pessoal, pois reduz significativamente o risco de complicações e melhora a qualidade de vida.
A consistência é o segredo! O corpo humano é altamente adaptável. Com acompanhamento médico, mudanças graduais e constância, é possível reverter parte das alterações metabólicas do diabetes tipo 2.
Cuidar do metabolismo é mais do que controlar números — é cuidar da sua energia, bem-estar, fertilidade e longevidade.
Profa. Dra. Lizanka Marinheiro, PhD, Md
Professora das Pós-graduações em Saúde da Mulher e em Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde da Mulher
Coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia Feminina e Chefe do Ambulatório de Endocrinologia Feminina
Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira – FIOCRUZ





