Injeção promete melhorar a libido das mulheres
No dia 21 de junho de 2019, a Food and Drug Administration (FDA) – agência que controla os medicamentos nos Estados Unidos, semelhante à nossa ANVISA – aprovou um novo remédio para o tratamento de transtorno do desejo sexual hipoativo em mulheres na pré-menopausa.
O transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) é caracterizado pela diminuição ou ausência completa de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual. Tanto as pacientes quanto os profissionais de saúde têm dificuldade de tocar no assunto. Com isso, a disfunção não é diagnosticada e tratada adequadamente, causando sofrimento para a paciente e problemas no relacionamento conjugal. Nos Estados Unidos, estima-se que o TDSH atinja 10% das mulheres na pré-menopausa. Por tratar-se de algo de foro íntimo, esse dado pode estar subestimado.
A nova medicação é a bremelanotida (Vyleesi) que age no sistema nervoso central, aumentando os níveis da dopamina, um neurotransmissor envolvido no processo de excitação. Ao contrário de outras drogas existentes, o novo “Viagra feminino” não depende de doses diárias. A proposta é utilizar uma injeção subcutânea no abdome ou na coxa, pelo menos 45 minutos antes de um encontro sexual. A bremelanotida é aplicada por meio de um aplicador descartável, semelhante as canetas de insulina utilizadas no tratamento de diabetes.
Estudos mostraram que bremelanotida aumentou o desejo e reduziu a angústia nas pacientes com TDSH. Contudo, não houve melhora na satisfação sexual, que parece estar relacionada à outros fatores, como autoestima, saúde mental e qualidade do relacionamento. Quanto aos efeitos colaterais, eles costumam ser bem tolerados e o mais comum é a sonolência. Esse efeito é até desejável pois muitas das pacientes também apresentam insônia e o medicamento costuma ser mais usado à noite.
O Vyleesi deverá começar a ser vendido em setembro, nos Estado Unidos. Ainda não há previsão de quando esse remédio chegará ao Brasil. Se você tem algum problema relacionado ao desejo ou satisfação sexual, converse com o médico de sua confiança, e entenda desde já, que libido é uma questão que envolve muito mais além que fatores hormonais, estando envolvidos fatores vasculares, emocionais, sociais e econômicos, e culturais.
Marianna de Almeida Mendes
Ginecologista e Obstetra
Pós-graduanda de Endocrinologia Feminina
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira
FIOCRUZ
Contato: marianna.mendes@gmail.com
Instagram @mariannamendesginecologia
Referências:
Ault, Alicia. “Effectiveness, Safety May Cloud New Female Libido Booster Vyleesi”. 04 de julho de 2019. Medscape. Disponível em: < https://www.medscape.com/viewarticle/915229 >.
Frellick, Marcia. “FDA Approves New Libido-Boosting Drug for Premenopausal Women”. Medscape. 21-junho-2019. Disponível em: < https://www.medscape.com/viewarticle/914779 >.
