• Novas diretrizes para cirurgia bariátrica: uma redefinição importante

    3 de novembro, 2022

    A Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (ASMBS) e a Federação Internacional para Cirurgia de Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO) atualizaram as indicações para cirurgia bariátrica, com o intuito de refletir o progresso das pesquisas na área, nos últimos 30 anos. Em uma nova declaração, as duas sociedades, recomendaram expandir a indicação de cirurgia bariátrica também para incluir indivíduos com índice de massa corporal (IMC) inferior ao limite atual, entre outras atualizações. A declaração recomenda que o limite para cirurgia metabólica e bariátrica seja IMC ≥ 35 kg/m2, independentemente de comorbidades.

    Em contraste, provedores, hospitais e seguradoras atualmente usam limites de IMC de ≥ 40 kg/m2 ou ≥ 35 kg/m2 com comorbidade relacionada à obesidade (como hipertensão ou doença cardíaca), para definir pacientes aptos a realizarem a cirurgia metabólica e bariátrica com base em critérios estabelecidos em uma declaração de consenso de 1991 pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH).

    Contudo, nas últimas três décadas, a compreensão da obesidade e da cirurgia metabólica e bariátrica cresceu significativamente com base na experiência clínica e nos resultados de pesquisas. Pesquisas longitudinais demonstraram, consistentemente, perda de peso superior com cirurgia em comparação com tratamentos não cirúrgicos.

    A seguir estão algumas das principais novas recomendações:

    • IMC ≥ 35 kg/m2: Dada a presença de dados científicos de alta qualidade sobre segurança, eficácia e custo-efetividade da cirurgia metabólica e bariátrica na melhora da sobrevida e qualidade de vida, a cirurgia deve ser fortemente recomendada para esses pacientes, independente da presença ou ausência de comorbidades evidentes, relacionadas à obesidade.
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    • IMC 30-34,9 kg/m2: A cirurgia metabólica e bariátrica deve ser considerada para indivíduos com doença metabólica e que não alcançaram perda de peso substancial ou durável, e nem melhora das comorbidades usando métodos não cirúrgicos.
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    • IMC ≥ 30 kg/m2 e diabetes tipo 2: a cirurgia metabólica e bariátrica é recomendada para esses pacientes.
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    • Limiares de IMC mais baixos para indivíduos asiáticos: A prevalência de diabetes e doenças cardiovasculares é maior em um IMC mais baixo em asiáticos do que em indivíduos não asiáticos. Em indivíduos asiáticos, um IMC ≥ 25 kg/m2 sugere obesidade clínica, e aqueles com IMC ≥ 27,5 kg/m2 devem ser submetidos a cirurgia metabólica e bariátrica.
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    • Crianças e adolescentes: com IMC > 120% do percentil 95 e comorbidade maior ou IMC > 140% do percentil 95 devem ser considerados para cirurgia metabólica e bariátrica após avaliação por equipe multidisciplinar de um centro especializado.
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    • Ponte para outro tratamento: A cirurgia metabólica e bariátrica é um tratamento eficaz da obesidade clinicamente grave em pacientes que precisam de outras cirurgias, como artroplastia de quadril ou joelho, correção de hérnia da parede abdominal ou transplante de órgãos.
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    • População idosa: Não há limite superior de idade para cirurgia metabólica e bariátrica; entretanto, pacientes idosos devem ser cuidadosamente avaliados. A fragilidade, não apenas a idade, está independentemente associada a maiores taxas de complicações pós-operatórias.

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    Fonte: https://www.prnewswire.com/news-releases/apos-30-anos-novas-diretrizes-para-cirurgia-de-perda-de-peso-887559557.html#:~:text=As%20diretrizes%20ASMBS%2FIFSO%20agora,e%20para%20%22crian%C3%A7as%20e%20adolescentes

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    Dra. Lizanka Marinheiro, Md, PhD. Médica endocrinologista e pesquisadora no IFF/FIOCRUZ.