• SOP: A Síndrome dos ovários policísticos e a infertidade

    4 de outubro, 2023

        A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é ​​uma condição gine-endócrina que afeta 7 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, sendo a principal causa de infertilidade nestas devido à anovulação. 

        Estima-se que a infertilidade seja  encontrada em 70 a 80% das mulheres afetadas, porém seu diagnóstico definitivo só deve ser dado após exclusão de outras etiologias de infertilidade. Além de pode ocasionar a infertilidade, a  SOP também aumenta o risco de doenças como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 em mulheres com esse distúrbio.

        A origem da SOP é complexa, envolvendo fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, e permanece obscura. Ela é  definida pela presença de pelo menos dois dos critérios de Rotterdam: oligoanovulação, hiperandrogenismo clínico ou biológico e síndrome micropolicística. 

     

    Como tratar a infertilidade na SOP?

     

    Tratamento não farmacológico

     

         A  modificação do estilo de vida é considerado o tratamento de primeira linha mais eficaz. Vários estudos demonstraram que uma perda de peso de 5 a 10% em mulheres com sobrepeso e obesas pode ser suficiente para restaurar a menstruação e a ovulação regular e com isso,  melhora a taxa de gravidez. 

        Assim, a adoção da prática regular de exercício físico, somada a mudanças alimentares, controle do estresse e eliminação do uso de cigarros e outras drogas,  são a forma mais efetiva de melhorar a fertilidade em mulheres com SOP.

     

    Tratamento farmacológico

     

       Com relação às medidas farmacológicas, o citrato de clomifeno (CC) é o medicamento de primeira linha para indução da ovulação em mulheres com SOP que sofrem de infertilidade. E o letrozol é um tratamento de segunda linha para mulheres que apresentam resistência ou falha no CC sem outro fator de infertilidade. 

     

     Outras opções terapêuticas 

     

        Outras opções terapêuticas de segunda linha são a terapia com gonadotrofinas associada à relação sexual programada e a perfuração ovariana laparoscópica ou transvaginal. 

         Quando as opções de tratamento de segunda linha falham, terapias mais complexas devem ser propostas, principalmente a fertilização in vitro (FIV) e, mais recentemente, a maturação in vitro (MIV).

     

    Novo tratamento 

     

       Uma nova abordagem terapêutica recentemente investigada é o inositol. Estudos verificaram que o mioinositol regula a captação de glicose e a sinalização de FSH nos ovários. Assim, a  terapia com mio-inositol em mulheres com SOP induziu uma melhor taxa de fertilização e melhor qualidade embrionária.

     

         Como os tratamentos atuais não podem curar a SOP, a administração ao longo da vida ainda é o método principal de tratamento. E cada condição de infertilidade deve ser analisada de forma individual a partir da história pessoal e clínica, exames físicos e ginecológico completo, a fim de se construir um plano de tratamento adequado para aquela determinada paciente. 

     

    Referência: 

     

    Collée J, Mawet M, Tebache L, Nisolle M, Brichant G. Polycystic ovarian syndrome and infertility: overview and insights of the putative treatments. Gynecol Endocrinol. 2021 Oct;37(10):869-874. doi: 10.1080/09513590.2021.1958310. Epub 2021 Aug 2. PMID: 34338572.

     

    Profa. Dra. Lizanka Marinheiro, PhD, Md

    Professora  das Pós-graduações em Saúde da Mulher e em Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde da Mulher

    Coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia Feminina e Chefe do Ambulatório de Endocrinologia Feminina

    Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira – FIOCRUZ