• Como manter o peso perdido?

    6 de maio, 2019

    A obesidade é uma doença crônica sendo um dos maiores desafios de saúde da atualidade. A perda de peso pode ser alcançada através de mudanças de estilo de vida que incluem: a mudança de hábitos alimentares, prática de exercícios físicos,  muitas vezes psicoterapia e intervenções farmacológicas e cirúrgicas.

    No entanto, a manutenção do peso perdido ainda é um desafio para os indivíduos obesos e mesmo para quem emagreceu um pouco e quer se manter magro.

    Sabe-se que cerca de 30% a 35% do peso perdido serão recuperados em um ano após o emagrecimento e 50% retornam ao peso inicial cinco anos depois, independente da abordagem dietética usada. Diversos fatores influenciam na recuperação desse peso, incluindo o desequilíbrio entre vários hormônios que levam ao ganho (orexígenos) como NPY, AgRP, Grelina e GIP, e os que diminuem o ganho de peso (anorexígenos) como o POMC, CART, GLP1, Insulina, Amilina,PP, CCK e PYY. As escolhas alimentares, nível de estresse e motivação, também contribuem para manutenção do peso perdido.

    Ou seja, a conta é um resultado entre a ingestão energética e o gasto dela.

    Não existe um consenso para definição do termo, para quais índices manter peso perdido e este ficar sustentável, mais admite-se  que a manutenção do peso por pelo menos dois anos pode ser o suficiente para melhorar diversas complicações da obesidade.

     

    Segundo as Diretrizes Brasileiras de Obesidade(2016), a  dieta para emagrecer deve ser uma dieta balanceada padrão com deficit calórico de 500kcal a 1000 kcal do Valor Energético Total (VET), com o objetivo de redução de peso entre 0,5 a 1.0 kg por semana, objetivando assim metas bem realistas.

    Tais dietas recomendam 55% a 60% do VET, compostas de carboidratos,  20% a 30% de lipídios, proteínas 15% a 20%do VET e 20 a 30 g de fibras e vitaminas e minerais e de  acordo com as Dosagens Recomendadas Internacionais(RDI) e as dosagens bioquímicas de cada paciente.

    No entanto dispomos de outras estratégias para perda de peso, tais como as dietas de muito baixa caloria (VLCD), cada vez mais usadas no tratamento de obesos mórbidos, contendo 450 kcal a 800kcal por dia. Duram em média 8 semanas no mínimo e no máximo 16 semanas sendo indicadas para obesos com IMC acima de 30kg/m 2 e contraindicadas para indivíduos eutróficos.

     

    Estudos recentes mostram também a influência no controle da densidade energética dos alimentos, que é a porção de energia contida em uma determinada porção de alimento. Dessa forma a orientação é ingerir grandes porções de baixa densidade energética como frutas, hortaliças e proteínas magras e restringir a ingestão dos alimentos de alta densidade energética  (alimentos ricos em gordura e pobre em água).

     

    Existem as dietas Low carb , que são as restritas em carboidratos que preconizam que se coma menos carboidrato que uma dieta padrão ( menos de 45% do VET) e ainda as very low carb que são as cetogênicas  e que baixam a produção de insulina,  podendo ser um recurso para o controle de diabetes e manutenção do peso perdido.

    Estas devem ser feitas no mínimo duas a três semanas e no máximo seis a doze semanas.

     

    E para manter o peso perdido?

    Segundo o Registro Nacional de Controle de peso americano de 2015 (NWCR), a população que emagreceu mais de 30 kg e manteve este emagrecimento por mais de 5 anos , adotou as seguinte medidas: 

    • Manteve a baixa ingestão calórica ( 1300kcal/ dia)
    • Fez uma dieta pobre em gordura ( menos 24% VET
    • Manteve um alto nível de atividade física ( 1 hora/dia)
    • Fez auto monitoramento de peso.

     

    De acordo com o estudo, o cumprimento de dietas personalizadas propiciando a substituição de alimentos, também são associados a manutenção do peso perdido. Também a estratégia de aumentar a proteína e controlar o índice glicêmico mostrou-se eficaz no controle do peso perdido.

    Com relação ao controle do apetite, se comparada ao carboidrato e a gordura, a proteína promove efeitos de saciedade mais fortes. As dietas hiperproteicas parecem aumentar a secreção de hormônios anorexígenos,  como o GLP-1 e o PPY, reduzindo a  a secreção de hormônios orexígenos, como a Grelina. A média preconizada para ingestão  é de 25 a 30 g de proteína por refeição.

     

    Concluindo, seja para emagrecer como para manter o peso perdido , as abordagens dietéticas são bastante personalizadas e individuais para cada tipo de paciente, respeitando seus hábitos, individualidades e culturas. Não saia por aí copiando a dieta do amigo. Procure um profissional especializado, e se possível uma equipe, pois o tratamento da obesidade hoje, cada vez mais demanda de um esforço, seu primeiramente, e de uma atenção multidisciplinar.

     

    Lizanka Marinheiro, Md, PHd

    Endocrinologista – FIOCRUZ