• Dia do médico e nossa medicina

    18 de outubro, 2021

    Dra Lizanka Marinheiro

    Nunca havia visto a a tão falada série grey anatomy.

    Hoje vendo adorei .

    Lição para nós mestres, professores e alunos !

    Ouço todo dia falar mal da medicina americana no que concerne ao atendimento a começar pela minha  filha que mora lá e sempre teve seguro de saúde pela  Universidade de Columbia e agora graças ao trabalho. Sempre diz que  o atendimento em emergências hospitais não é bom, os médicos são frios, enfim não é “Como no Brasil”!

    Vejo a série, me emociono! Faço paralelos com meu internato, com grupos de médicos do qual faço parte de hospitais top, com alunos internos e residentes dos quais sou professora. Me emociono e digo:  viva o Sus ; viva o médico brasileiro !

    Ao ler recente texto do colega José R.  Suzman me emocionei numa mensagem de esperança que o mesmo que dar. Acho que como médicos, todos estamos precisando de esperança para a levarmos para os que dela podem sofrer a falta, e segue-se o belo texto como uma referência ao dia do médico.

    A síndrome de Pluft

    Passados tanto tempo dentro de uma pandemia, que exige para sua contenção o isolamento social, cada vez mais observo como efeito colateral um fenômeno singular: gente com medo de gente. Pessoas que apesar de vacinadas permanecem restritas ou no conforto de seus apartamentos ou em casas de campo. Permitem-se a comunicação on-line. Para este grupo o encontro físico passou a ser temido. Não são todos, mas um grupo vulnerável que encontrou na pandemia um motivo para justificar seus medos pretéritos. Pessoas que desenvolveram ou intensificaram quadros de ansiedade quando perto de gente. Pessoas que antes tinham receio de serem julgadas ou mal vistas e agora, contaminadas. Gente que passam suas imagens apenas através da telas de seus celulares ou computadores. Fantasmas cibernéticos. A psiquiatria definiria esse quadro como agorafobia, eu prefiro denominá-lo como de síndrome de Pluft, o simpático fantasminha personagem de Maria Clara Machado, que tinha medo de gente. Essa síndrome de nome nacional não ocorre apenas por aqui, parece-me ser uma verdadeira pandemia emocional. Infelizmente muitos que sonhavam em sair e reencontrar pessoas, como faziam no passado, a medida que o mundo foi vacinado e reabrindo, não se sentiram à vontade para esse convívio. Curiosamente passaram a continuar isolados, agora por vontade própria, em suas confortáveis prisões que não mais prendem, agora protegem. Adaptador na solidão. Um beijo ou um abraço apertado foi substituído por um aceno de mão ou um encostar de punhos ou dedos. A intimidade para estes virou um mal a ser evitado. Talvez necessário, mas triste! O ser humano que sempre se nutriu da proximidade com outros seres humanos, agora a teme. Por mais que ainda necessário é preciso considerar que a distância dos outros ou nos adoece ou é  já é fruto desse adoecimento. Precisamos reencontrar o que nos é essencial a alma e readicioná-lo a nossas vidas. Que beijos, abraços apertados voltem à moda, ainda sem excessos, para que a vida reencontre a sua graça de sentido. Por mais que ainda seja necessário o isolamento social como medida de proteção devemos começar a considerar a volta gradativa e cuidadosa ao convívio montando, como peças delicadas  na montagem deste complexo cenário de reaproximação  cautelosa entre os mais próximos, mais íntimos e, certamente, vacinados. Algum lugar possível entre os excessos da aglomeração e a solidão. Como em quase tudo na vida, precisamos de bom senso. Buscar o meio termo que sempre estará a nosso favor.