• Jejum intermitente: funciona?

    21 de março, 2022

    Jejum intermitente -

    Aplicação clínica de jejum intermitente para perda de peso

    As estratégias de jejum intermitente consistem em alternar períodos de jejum com períodos de alimentação, a capacidade de produzir perda de peso clinicamente significativa (>5% de perda desde o início, em um período curto 8-12 semanas) tem feito a popularidade deste método aumentar. Existem 3 principais modelos de jejum intermitente:

    1- jejum diário alternado (0–500 kcal por “dia de jejum”, alternando com a ingestão sem restrição nos outros dias);

    2- dieta 5:2 (dois dias de jejum e cinco dias sem restrição, por semana);

    3- alimentação com restrição de tempo (comer apenas dentro de uma janela de tempo prescrita, todos os dias).

    O grau de perda de peso alcançado com o jejum intermitente está em pé de igualdade com o alcançado com as abordagens tradicionais de dieta (restrição calórica diária). Uma das razões da popularidade do jejum intermitente é sua simplicidade, não é necessário monitorar a ingestão de calorias ou cortar certos grupos de alimento, como carbohidratos.

    Desde que o indivíduo determine com precisão os períodos de jejum, a maioria das pessoas pode fazer jejum intermitente com sucesso. Contudo, embora o jejum intermitente esteja crescendo em popularidade, atualmente existem poucos estudos que investigaram os benefícios e riscos dessas dietas em humanos e a capacidade de gerenciar o peso a longo prazo ainda é pouco compreendida, já que a maioria dos estudos, até o momento, dura curtos períodos.

    Os benefícios para a saúde do jejum intermitente estão lentamente sendo esclarecidos à medida que novas evidências continuam surgindo. O impacto do jejum intermitente nos parâmetros de risco cardiometabólico ainda é incerto. Enquanto alguns estudos demonstraram melhorias na pressão arterial, colesterol LDL, triglicerídeos, resistência à insulina e HbA1c, outros não mostraram nenhum benefício nesses parâmetros.

    Em relação à segurança, dados preliminares indicam que o jejum produz poucos efeitos adversos gastrointestinais, neurológicos, hormonais ou metabólicos. No entanto, como os resultados adversos não são avaliados regularmente em ensaios humanos de jejum, é difícil tirar conclusões definitivas sobre a segurança dessas dietas no momento.

    Em síntese, o jejum pode ser eficaz para perda de peso, mas os efeitos dessas dietas na prevenção e manejo de distúrbios metabólicos precisam de mais esclarecimentos. Embora algum progresso tenha sido feito neste campo nos últimos 10 anos, são necessários dados de ensaios controlados randomizados de longo prazo e bem-poderosos para elucidar ainda mais a segurança e a eficácia dessas dietas populares em vários grupos populacionais.

     

    Lizanka Marinheiro

    Endocrinologista – Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira

    FIOCRUZ

     

    Fonte:

    https://www.nature.com/articles/s41574-022-00638-x