• Nossas ansiedades com os nossos filhos

    11 de outubro, 2015

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    O Stress da vida diária, com causas diversas algumas das quais somos impotentes para modificar, diante de conjunturas mil que nos apavoram ao ler ou ouvir as manchetes de qualquer mídia falada ou escrita, faz com que a cada dia tenhamos que aprender a desenvolver métodos próprios de lidar com ele para vivermos melhor.
    Isto é fato.Na diversidade e globalização atuais, estamos nos comparando à alguém ou lembrando dessa ou daquela situação e a comparando com outra, ou com uma que  alguém viveu, ou até que agente mesmo passou.A Comparação com o outro leva a inveja. A inveja leva a raiva e a angústia.
    A raiva leva a tristeza, e a tristeza pode levar a insatisfação crônica,  que muitas vezes leva à depressão.Stress  e depressão são doenças do mundo moderno, sendo essa última um problema de saúde pública no mundo, foco de atenção hoje de todos os governos, da OMS, ONU, e tema de investimento em pesquisas de órgãos como o NIH dos  EUA. No dia a dia da prática médica diária, ou não é diagnosticada, ou é sub ou mal diagnosticada, muitas vezes, tristeza sendo medicada e depressão deixando de ser !
    Sabemos de sua intima relação nas causas do desenvolvimento de outras doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças auto- imunes ,  gastrites e úlceras, além do câncer.Sem maiores pretensões de ser nenhuma Martha Medeiros, ou nenhuma consultora especializada na área Psi, vou falar de uma experiência que me aconteceu hoje pela manhã, quando fui levar minha filha para prestar, por experiência seu vestibular de direito na PUC- RJ.Sábado,  no caso ontem a noite, véspera do vestibular, fui ver em casa uma paciente, com câncer de intestino, dessas que nos dá verdadeiras lições de vida e me disse aos 87 anos:
    ” Câncer é um veredicto. Você tem que aceitar. Na minha idade? Pra que brigar?
    Operar? Quimioterapia piorar minha qualidade de vida? ”

    Ao sair, minha filha estava com mais 5 outros adolescentes, jantando.

    Ao chegar, estavam vendo ” INTO THE WOODS”, com a grande Mary Streep.

    Hoje 7:30. Cálculo errado para despertador tocar e chegamos na PUC 8:14!

    O horário que fecham os portões é 8:30, e nossa dúvida era se ao entrar se  fazia a prova ou era preciso chegar na sala 8:30!!
    Ainda tive que ouvir dela ao dizer:
    ” Se os portões estiverem fechados , não entra”.
    – ” Não mãe , não mãe se estiverem fechados, entra!!! Dêê!!! ” com ironia….

    Pois bem, salvo minha dose de irresponsabilidade materna…. Vamos ao que quero chegar.
    Minha filha entrou.
    E na porta da PUC, mesmo com nenhum aluno a entrar, lá estavam centenas ou mais de pais a esperar.
    Pensei comigo, será que como eu, vão esperar para ver se conseguem chegar à sala e fazer a prova? Estacionei e fui ver. Tirar minha dúvida se era preciso para fazer a prova, apenas passar do portão.
    Foi aí que encontrei duas mães, aleatoriamente, a quem me dirigi e perguntei; elas me deram a informação. Aí perguntei o que elas estavam fazendo ali então, se para fazer a prova, bastaria entrar

    ( minha dúvida havia sido sanada e podia ir pra casa, sim, pois na pressa minha filha havia esquecido o celular para me avisar…).
    Elas disseram, assim com uma cara meio aborrecida e com deboche de mim, embora estivesse de havaianas e roupa de corrida :
    ” Esperando nossas filhas terminar as provas!
    Agente mora longe e até ir e voltar pra buscar, terminou a prova!”
    Assim meio com raiva de mim, apesar da minha justificativa de dizer que tinha chegado meio em cima da hora, o que foi pior, pois elas haviam chegado lá …6.30 da manhã!
    Eu imediatamente entendi, e não sabia onde me enfiar.
    Elas me perguntaram onde tinha algum local ali na Gávea aberto onde pudessem sentar, e esperar até meio dia e meia… para esperar o termino da prova.
    Planetário , Shopping ….
    Dia de domingo aqui no Rio abrem à tarde, mas lembrei do Jardim Botânico, e da banca de jornal para consulta no jornal do dia, quando uma delas já ia consultar  o Google .
    Nisso o guarda antes de fechar os portões deixou aquele mundo de pais entrarem na PUC.
    E eu, claro, entrei também com minhas novas amigas.A Maria morava em São João do Miriti, e a Clara em Duque de Caxias.  E fomos nas verdes matas da Puc, rumo a um lugar para sentar, pois afinal, eu queria conhecer a Puc! Mas elas estavam em pé….desde 6:30 da manhã, queriam um lugar pra sentar!
    Quando avistamos o famoso Pilotis da Puc a felicidade das senhoras foi imensa!
    Continuamos nossa conversa.Uma do lar, outra bibliotecária. Ambas mães de duas meninas, filhas únicas , no terceiro ano do ensino médio, prestando vestibular para direito uma, outra para relações internacionais.
    Uma estudava na Escola SESC Barra, e outra na CEFET.Nessas alturas já estávamos melhores amigas e mostrando fotos de nossas filhas umas as outras.
    Ambas, tinham filhas lindas de verdade! Ao mostar a minha, uma foto dela me buscando numa corrida de short e camiseta , elas disseram:
    “Tem cara de menina rica”.
    Eu já havia dito que era médica, trabalhava no Fernandes Figueira, e falado do projeto Biblioteca viva que temos no hospital.
    Se trata de um projeto lindo de contadores de história para crianças e mulheres
    e adultos em sala de espera e internadas.Uma quer fazer concurso para ser procuradora.
    Outra, a filha quer fazer relações internacionais, pois quer ir pra fora e ser dipomata.
    Faz a escola integral do SESC, um projeto que se  mora na escola na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro e se vai pra casa no fim de semana, e cuja filha, Ana , foi representando a escola para os EUA ano passado para um encontro de Mini ONU, tipo existe em escolas bilíngües  aqui no Rio.
    Minha filha também faz,esta atividade desde  a class 6 na The Britsh Scholl.
    Fiquei encantada!!!E mil coisas se passaram em um segundo na minha cabeça, como se fazendo uma resolução do que estava se processando anos a fio…E imediatamente fiz um paralelo entre as crianças da escola da minha filha!
    Maioria de crianças afortunadas e  de altíssimo padrão ,
    cuja mensalidade não é nenhum problema no orçamento familiar, e em cujas rendas não existe a palavra, crise.
    Outras poucas, filhos de profissionais liberais de classe media,  que investem na educação dos filhos, bolsistas, e  filhos de professores que não pagam mensalidades.
    Realmente, nestas escolas para um aluno de muito bom a top,que aproveitam o que elas oferecem, você sai delaS falando quatro idiomas, e com uma visão global de mundo, capacidade reflexiva , de escrever, criar e se articular, diferente dos currículos que só visam a aprovação no vestibular. Isto é fato.Fiquei encantada com o que minha amiga com filha na escola SESC-Barra me contou sobre trabalho voluntário em comunidades e Mini ONU, que a filha dela, de Duque de Caxias, que mora dentro da escola, na Barra da Tijuca, e vai pra casa os fins de semana e quer ser diplomata, faz.
    Muita semelhança com o currículo da escolas bilíngües.
    Parabéns para o SESC.Que essa experiência seja adotada pelo SESI, CNI, E PELO GOVERNO BRASILEIRO, ONDE SE PAGA A MAIOR CARGA TRIBUTÁRIA DO MUNDO!!!!!E  perguntei por que não aplicava para estudar fora?

    E mediante a resposta comecei a dar dicas e informações etc etc.
    Nesse ponto do nosso papo, falei onde minha filha estudava, e senti no sentimento daquela mãe, não inveja, não comparação ou competição, mas a vontade da partilha.

    Me lembrei de algumas crianças da escola da minha filha que perguntavam umas às outras qual bolsa ( LV ou Prada), foram pro VIP do Rock’in Rio .
    Assim como eu, ela não sabia se teria condições financeiras de sem bolsa, enviar uma filha para estudar numa faculdade bem ranqueada la fora.Partilhávamos na verdade, dos mesmos sentimentos.
    Mas na verdade, da mesma alegria, da mesma esperança, da mesma graça e da mesma fé.
    Do mesmo orgulho e corugisse assumida de nossas Marias .
    Ficamos de nos falar para ver como foram as meninas no vestibular,
    e …  espero amanhã… Acordar mais cedo com a minha!!!
    Lizanka Marinheiro
    Endocrinogista- Phd-Md
    FIOCRUZ
    Instututo Nacional de Saúde da Criança Mulher e Adolescente
    Fernandes Figueira’.