• Necessidade de parceria internacional para vencer a zika

    27 de maio, 2016

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    Ainda que existam muitas evidências circunstanciais de sequelas patológicas da infecção pelo vírus Zika, ainda existe uma considerável e crucial lacuna em nosso conhecimento. Preencher esta lacuna no prazo mais curto possível é essencial para interromper a disseminação do vírus e, ainda mais importante, limitar seu impacto sobre a saúde pública. Colaboração e cooperação internacionais são essenciais.

     

    Entre a descoberta do vírus em 1947 e 2007, somente haviam sido documentados 14 casos confirmados de infecção pelo vírus Zika em humanos. Até 3 de março deste ano, 52 países e territórios tinham comunicado transmissão local do vírus – 41 desde janeiro de 2015. Casos importados foram relatados em todas as regiões do mundo. À medida em que o verão se aproxima no hemisfério norte, espera-se um novo pico do número de casos.

     

    Contudo, mesmo nesta altura da epidemia, a prevalência verdadeira da infecção pelo vírus Zika é desconhecida, assim como a extensão da relação entre o vírus e distúrbios neurológicos.

     

    Estima-se que 1,5 milhão de pessoas foram infectadas no Brasil desde o início do surto no país, em abril de 2015. Mais de 5.900 casos de microcefalia foram comunicados, mas somente 1.687 foram investigados e somente 82 casos foram oficialmente vinculados ao vírus Zika. A Colômbia provavelmente oferecerá uma indicação mais precisa da prevalência da microcefalia relacionada ao vírus Zika. O país introduziu um programa nacional de monitoramento logo após a comunicação dos primeiros casos em setembro. Os números da Colômbia revelarão se estamos diante de uma nova crise de saúde pública como a da rubéola.

     

    Houve relatos esporádicos de casos de síndrome de Guillain-Barré e mielite aguda relacionados ao vírus Zika, e entende-se que 14 diferentes empresas farmacêuticas estão envolvidas no desenvolvimento de uma vacina. Mas esses avanços permanecem desvinculados e isolados.

     

    Se quisermos evitar uma repetição das críticas levantadas contra a comunidade global de pesquisadores e agências de monitoramento após a epidemia de ebola, colaboração e coordenação internacionais devem ser uma prioridade. A padronização das medidas de vigilância e compartilhamento central de informações são agora vitais. Se o projeto do Genoma Humano nos ensinou alguma coisa, foi que a parceria produz resultados reais em um curto prazo. Se alguma vez foram necessários resultados reais e urgentes, este momento chegou com a epidemia da Zika.

     

    – Por Dawn O’Shea, editora da Univadis

    MSD