• Velocidade e Afeto

    23 de abril, 2014

    shutterstock_172689128Velocidade e afeto

     

    Nos dias atuais, temos acesso a qualquer tipo de informação numa velocidade jamais imaginada antes. A internet e as redes sociais hoje fazem parte do nosso cotidiano. Porém, nossos afetos acompanham da mesma forma e na mesma rapidez? Questiono isso , ainda mais hoje com a vida pessoal das pessoas sendo exposta quase que sem censura, online, em tempo real. É a esfera privada se tornando cada vez mais publica. Cada vez mais se criam novas “verdades” e novas “teorias” de como devemos ser ou estar para sermos “felizes”. Com isso abro a questão: Existe felicidade plena? Existe um modelo a seguirmos que preencherá todas as nossas angustias e faltas inerentes ao ser humano?

    Alguns parecem crer que sim, assim como outros viram nisso um grande nicho de mercado. Porém, talvez não fomos programados afetivamente para acompanhar tanta pressa e tantas novidades, sendo elas boas ou ruins. Cada vez mais percebo que as relações estão se dando num contexto virtual e menos real. Com certeza a tecnologia facilitou muitas coisas em nossas vidas mas por um outro lado, tem nos privado de outras. Nossos sentimentos possuem um ritmo próprio e muitas vezes a sensação de falta ou vazio nos invade, gerando muitas angustias e incertezas. Esta lacuna faz  parte da condição humana e tentamos preencher com o que temos ao nosso alcance. No mundo contemporâneo, vejo uma tendência das pessoas a procurarem soluções rápidas e eficazes, como se houvesse uma resposta em algum lugar ou alguma formula mágica para aquilo que nos incomoda ou nos cria algum tipo de mal estar.

    Em nosso tempo existe e sempre existirá  uma demanda de afeto, ao mesmo tempo vemos e vivemos  relações distantes e rasas, ficando complicado assim encontrar um equilíbrio. Somos bombardeados de informações e ofertas ao alcance de nossas mãos e a tendência é que o excesso predomine, pois temos “muito” em pouco tempo, nos causando uma satisfação imediata, mas logo o vazio chega, e com ele toda a angustia e ansiedades que não conseguimos preencher. Criam se  novos modelos de relações que nos dão prazer no curto prazo mas nos tornamos seres insatisfeitos de alguma coisa que não sabemos ao certo do que se trata.

    Acredito que temos que nos adaptar a essa nova realidade, usufruindo ao que ela nos oferece de melhor, mas nunca devemos esquecer das relações reais, aonde o privado fica no seu lugar, sem que tenhamos que nos expor desnecessariamente. Equilíbrio este difícil, porem necessário para uma vida afetiva mais saudável.

    Bettina Kligerman

    Psicóloga