• Oscilação hormonal tem sido estudada para compreensão de alterações de humor nas mulheres

    12 de agosto, 2022

    As mulheres tendem a um risco maior de sofrer de transtornos depressivos em comparação com os homens. Muitos fatores psicossociais contribuem para isso, ao mesmo tempo, há evidências de que essa diferença de risco entre os gêneros possa ocorrer por influências hormonais. Desde a chegada da primeira menstruação, já se observa risco elevado para o aparecimento do primeiro episódio depressivo, para algumas mulheres. Durante a gravidez, no pós-parto e na perimenopausa, a magnitude da flutuação dos níveis dos hormônios sexuais parece desempenhar um papel nos episódios depressivos, embora essa relação ainda não esteja clara.

    A relação entre hormônios sexuais e episódio depressivo seria explicada pela existência do chamado eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, em que os hormônios produzidos no cérebro, no hipotálamo e na hipófise, se comunicam com as gônadas femininas, os ovários. Há 2 importantes hormônios femininos produzidos pelos ovários: O estradiol que está mais elevado na fase folicular que é a primeira fase do ciclo menstrual, atua na função reprodutiva, pele, vasos sanguíneos, ossos e cérebro, com centenas de funções no organismo feminino; e A progesterona, mais alta na fase lútea a segunda fase do ciclo, prepara o endométrio (revestimento interno do útero) para a gravidez após a ovulação. A oscilação entre esses hormônios vem sendo estudada como a “montanha-russa hormonal” que possivelmente se associa às causas de alterações de humor nas mulheres. Alguns estudos mostram que mulheres que apresentam o Transtorno disfórico pré-menstrual teriam níveis mais baixos de estradiol comparadas com aquelas sem transtorno de humor.

     

    Por mais que o humor de uma mulher possa oscilar durante o ciclo menstrual, não é possível afirmar, até então, que os hormônios sexuais sejam os maiores culpados pelo fenômeno. Mesmo assim, uma melhor compreensão das mudanças biológicas femininas durante as diferentes fases do ciclo menstrual e da vida pode impactar em opções de tratamento eficazes e possível redução da carga de transtornos de humor em mulheres.

    Dra. Lizanka Marinheiro, PhD. – Médica Endocrinologista e professora/pesquisadora no IFF/FIOCRUZ.