• Diabetes e gravidez

    18 de novembro, 2022

    O diabetes gestacional é definido como qualquer grau de redução da tolerância à glicose, cujo início ou detecção ocorre durante a gravidez. No Brasil, em torno de 18% das gestações atendidas no Sistema Único de Saúde atingem os critérios diagnósticos atuais de DMG. O surgimento do diabetes mellitus na gravidez aumenta o risco de complicações clínicas tanto para a mãe quanto para o feto.

    As complicações gestacionais mais frequentes são polidrâmnio, trabalho de parto prematuro, parto cesáreo, infecção do trato urinário e hemorragia pós-parto. As complicações maternais mais frequentes são obesidade; doenças cardiovasculares e diabetes mellitus. As complicações fetais mais frequentes são malformações congênitas; hipoxemia e óbito fetal. Já as complicações neonatais, hipoglicemia, hipocalemia e hiper bilirrubinemia.

    O Ministério de Saúde recomenda que o rastreio de DMG deve ser feito na primeira consulta do pré-natal e a partir da glicemia de jejum e do teste oral de tolerância com 75g de glicose. A hiperglicemia de jejum deve ser investigada no início e na metade dela. O diagnóstico na gravidez e o consequente controle dos níveis glicêmicos reduz as complicações para a mãe e seu filho.

    Recomenda-se para diagnóstico da hiperglicemia na gestação: Glicemia de jejum igual ou maior que 126 mg/dL indica o diabetes mellitus diagnosticado na gestação com seu início antes da gestação.  A glicemia de jejum entre 92 mg/dL e 125 mg/dL servirá para o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional.

    Para pacientes com glicemia de jejum menor que 92 mg/dL no 1º trimestre: realizar teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com 75g, entre 24 e 28 semanas, com avaliação da GJ, G1h e G2h.

    TOTG-75g: para o DMG, considerar os limites de 92 mg/dL, 180 mg/dL e 153 mg/dL, respectivamente, para GJ, uma hora e duas horas, e pelo menos um valor alterado; logo, se GJ maior ou igual a 126 mg/dL e/ou duas horas maior ou igual a 200 mg/dL: diabetes prévio, diagnosticado na gestação.

    Na impossibilidade de realização do TOTG-75g, frente a recursos escassos, pode-se repetir a glicemia de jejum entre 24 e 28 semanas, mantendo os valores de referência usados no 1º trimestre.

     

    1ª linha de tratamento: O tratamento inicial da gestante diabética consiste na prescrição de dieta para diabetes que permita ganho adequado de peso conforme estado nutricional da gestante, avaliado pelo índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional. Os exercícios físicos devem ser realizados diariamente, por 30 minutos. Adequação nutricional e prática de exercício constituem o primeiro passo do tratamento clínico e, cerca de 70% das mulheres com diagnóstico de DMG conseguirão controlar os níveis glicêmicos com essas medidas.

    2ª linha de tratamento: a insulina se destaca como primeira escolha entre as medidas farmacológicas no controle da hiperglicemia na gestação.

     

    Fontes:

    WEINERT, Letícia Schwerz et al. Diabetes gestacional: um algoritmo de tratamento multidisciplinar. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, [S.L.], v. 55, n. 7, p. 435-445, out. 2011. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0004-27302011000700002.

    Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2017-2018). 2017.

    MARUICHI, Marcelo Damaso; AMADEI, Gustavo; ABEL, Márcia Nogueira Castaldi. Diabetes mellitus gestacional/Gestational diabetes mellitus. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, p. 124-128, 2012.

    Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Brasília : Ministério da Saúde, 2022.

    ANDRÉA NOVAES (Brasil) (org.). Guia do Episódio de Cuidado: diabetes mellitus gestacional (dmg). DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG). 2021. Disponível em: https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/Pathways/Diabetes-Gestacional.pdf. Acesso em: 2 jun. 2022.

    Sávio Mello, graduando de enfermagem e aluno de IC no IFF/FIOCRUZ

    Dra. Lizanka Marinheiro, Md, PhD. Médica endocrinologista e pesquisadora no IFF/FIOCRUZ.